quarta-feira, 29 de agosto de 2012

O Limite do Resgate na Paralimpíada


Quando se fala em inserção social, particularmente de pessoas que tem algum tipo de deficiência física, as pessoas ainda têm na cabeça a idéia que essas pessoas são coitadinhas, limitadas e não podem fazer a maioria das coisas que nós, “seres normais” podemos praticar.
         Uma experiência que vi certa vez tratava de colocar pessoas normais em cadeiras de rodas, outras vendadas e outras com os movimentos dos braços e mãos limitadas, durante um determinado período do dia, com a idéia de que essas pessoas pudessem sentir e tentar realizar as atividades que aquelas pessoas especiais tinham no seu dia-a-dia. O resultado, claro, foi deveras desastroso, até por que nós, chamados de pessoas normais, não desenvolvemos o “feeling” que é a qualidade de emoção e de sensibilidade manifestada numa interpretação e a maneira de sentir uma determinada situação.
         Observando os atletas paralímpicos brasileiros se desdobrando e tendo um desempenho que empilha medalhas para o País, se apresentando para a dita sociedade e ocupando seus espaços, não mendigando lugar, mas pedindo oportunidades, não querendo serem vistos como coitadinhos, querendo apenas ocupar seu lugar que a sociedade diz que existe e nega ali na frente quando um empresário o rejeita para uma vaga de trabalho se há algum tipo de deficiência.
         Sinceramente e sem vergonha de confessar e, até do meu circulo de amizades, não conheço ninguém que nade como aquele medalhista que já conquistou nove medalhas (eu se cair numa piscina, vou nadar tantos metros quanto ela tiver de profundidade, uma verdadeira pedra), e aquela moça que corre os cem metros, sem possibilidades de acompanhar, e os meninos do futsal, olhem bem, vendados jogam mais e correm mais do que muitos perfeitos, como eu.
         Então, brasileiros que estão em Londres, brilhem e nos encham de orgulho, tragam tantas medalhas quantas puderem, afinal essa “tua imperfeição” se completa na nossa perfeição, marejando meus olhos quando fazes tocar nosso hino.

Autor: Guilherme Quadros
Email: gqkonig@hotmail.com

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