terça-feira, 22 de julho de 2025

A Moeda do BRICS: Um Novo Dinheiro Para o Mundo... Que Mal Paga Suas Próprias Contas.

 


Introdução
Imagine um grupo de países que mal consegue se entender numa videoconferência, tentando criar uma moeda para desafiar o dólar americano no cenário global. Parece roteiro de comédia? Pois é exatamente o que está sendo cogitado pelos líderes do BRICS — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — com direito a novas adesões e discursos pomposos sobre multipolaridade, soberania e "um novo paradigma econômico".
Mas antes que você troque seus dólares por briccoins, vale dar uma boa gargalhada — e depois uma respirada profunda.

O BRICS vai salvar o mundo (de si mesmo?)
A proposta é ousada: criar uma moeda única ou lastreada em commodities, capaz de ser usada em transações internacionais e desafiar a hegemonia do dólar. Uma alternativa "desdolarizada", segundo os gênios por trás da ideia. Agora pergunto: você confiaria numa moeda gerenciada por um clube onde um dos membros está em guerra, outro em crise cambial, outro afundado em burocracia, outro em desacordo constante com o Ocidente, e outro tentando decidir se ainda é uma democracia funcional?

Confiança, essa desconhecida
A força de uma moeda global não está em discursos inflamados, mas em uma palavrinha chamada confiança. O dólar, com todos os seus defeitos, é hoje a referência porque há décadas os mercados confiam — ou fingem confiar — na economia dos EUA.
Já imaginar uma moeda gerida por um consórcio onde cada país tem sua própria crise para administrar é como esperar que uma banda de músicos desafinados compita com uma orquestra sinfônica. Pode ser barulhento, mas não é música.

Brasil: Vai pagar como? Com brics?
No caso do Brasil, que mal dá conta de manter sua moeda estável sem puxadinhos cambiais, o entusiasmo com a nova moeda soa quase fofo. Estamos falando de um país onde a política econômica muda a cada eleição, onde o Banco Central é atacado em rede nacional e onde o investidor estrangeiro olha para o real com a mesma segurança que teria ao pisar num pântano.
Mas sim, claro, vamos liderar uma nova moeda global. A piada se escreve sozinha.

E o PIX, fica como?
Tem algo deliciosamente contraditório em ver países tentando lançar uma moeda internacional enquanto internamente ainda sofrem com sistemas de arrecadação ineficientes, evasão fiscal monumental e um abismo entre o mundo político e a realidade do cidadão.
A nova moeda do BRICS seria digital, física, mágica? Seria aceita na padaria? Teria taxa Selic própria ou dependeria da cotação do arroz indiano e do petróleo russo?

Geopolítica gourmet
No fundo, essa moeda não é sobre economia. É sobre geopolítica performática. É sobre presidentes tirando foto com cara séria e jornalistas repetindo "multipolaridade" como se fosse o novo "namastê". É sobre marcar posição contra o imperialismo yankee, mesmo que seja com dinheiro que ninguém quer trocar.

Conclusão: O mundo quer confiança, não slogans
Se o BRICS realmente quer entrar no jogo monetário internacional, vai precisar mais do que discursos ideológicos e reuniões cheias de bandeirinhas. Vai precisar de estabilidade institucional, previsibilidade jurídica, respeito ao investidor e, acima de tudo, consistência.
Por enquanto, a ideia de uma moeda global do BRICS parece mais um jogo de tabuleiro jogado por líderes entediados do que uma solução real para a economia global. Mas agradecemos o entretenimento.

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