sábado, 11 de janeiro de 2014

Eu já fui um avestruz.

Narra um dito popular que o avestruz, ave que não voa, atinge até 60 km por hora, chega a medir 2 metros de altura e pode viver até 50 anos, quando pressente o perigo e tenta se proteger, procura um buraco onde coloca apenas a cabeça, passando a impressão para si que esta protegida, claro que com o corpanzil todo a descoberto.
            
Essa conotação parece, inicialmente, um tanto quanto sem nexo, mas se considerarmos o comportamento humano nas mais variadas situações do cotidiano, haveremos de perceber que muitos de nós somos ou, em determinadas situações, já fomos um avestruz. Não é difícil fazer essa comparação. Querem ver?
            
Muitos de nós, ao pressentirmos o perigo, fechamos os olhos, como se assim, o perigo se dissipasse, mas isso não acaba com aquele perigo iminente.
            
Muitos de nós, ao nos depararmos com uma criança pedindo esmola, preferimos ignorar aquela cena, como se não fossemos parte daquele contexto e não tivéssemos uma parcela naquela situação.
            
Muitos de nós preferimos cerrar a visão quando nos deparamos com uma criança especial ou pessoa que necessita de uma breve ajuda, com se não fizéssemos parte daquele cenário e deveríamos estender a mão.
             
Muitos de nós preferimos a ignorância do anonimato momentâneo à ajuda acalentadora que aquece e conforta um momento dolorido do próximo.
            
Muitos de nós preferimos a virada de rosto a uma situação desagradável vivenciada por alguém ao nosso lado, do que a mão estendida, aquecida e forte, pronta para estancar uma dor gerada pela falsidade, ódio e a violência.
            
Esses arroubos de dissociar a realidade que nos cerca com um mundo, muitas vezes, só nosso, nada mais é do que enterrar nossas cabeças, fugindo de uma realidade que, cedo ou tarde, pode nos atingir de forma dolorosa, refletindo essa omissão na realidade nua e crua do nosso dia-a-dia, tal qual o avestruz que, na ânsia de se proteger, deixa todo o corpo exposto.
             
E você vai continuar sendo um avestruz?

Autor: Guilherme Quadros
Email: gqkonig@hotmail.com

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