terça-feira, 12 de agosto de 2025

TST e o Serviço VIP no Aeroporto: Em Que Mundo Essas Pessoas Vivem?

Quando a bolha é tão grossa que até o oxigênio é filtrado.


Capítulo 1 – Justiça do Trabalho, Mas Não o Mesmo Trabalho

O Tribunal Superior do Trabalho anunciou que seus membros terão serviço VIP em aeroportos para “evitar contato com pessoas mal-intencionadas”. Em outras palavras: segurança reforçada, atendimento especial, embarque e desembarque sem ter que olhar nos olhos da plebe.

E aqui vai a pergunta que não quer calar: em que planeta vivem essas pessoas?
Porque, no Brasil real, aeroporto é fila, mala extraviada e conexão que não chega. No Brasil do TST, aeroporto é só mais uma extensão do gabinete: ar-condicionado, silêncio e gente servindo cafezinho com sorriso treinado.


Capítulo 2 – O Medo da População que Sustenta a Conta

A narrativa é linda: “proteger contra pessoas mal-intencionadas”. Traduzindo: evitar que alguém ouse questionar decisões, salários, benefícios, penduricalhos, férias de 60 dias ou diárias de hotel cinco estrelas pagas com o dinheiro de quem espera audiência trabalhista por anos.

Parece piada, mas é sério: o contribuinte paga para ser mantido longe daqueles que deveriam servir… o contribuinte. É a inversão perfeita da lógica pública: o servidor é protegido do público, e não o contrário.


Capítulo 3 – Bolha Blindada

Esse “isolamento preventivo” é só mais um sintoma do Brasil das castas jurídicas, onde juízes e ministros vivem num ecossistema paralelo:

  • Viagens custeadas pelo erário;

  • Auxílio-moradia mesmo morando na própria cidade;

  • Salários acima do teto com criatividade contábil;

  • E agora, corredores exclusivos nos aeroportos, como se a realidade fosse uma doença contagiosa.

Enquanto isso, o cidadão comum enfrenta fila na Receita, fila no SUS e fila na audiência trabalhista. Mas, claro, é ele que representa o risco.


Capítulo 4 – Pessoas Mal-Intencionadas ou Gente de Memória Boa?

Talvez o TST tema, não “pessoas perigosas”, mas pessoas bem informadas. Aquelas que lembram das decisões controversas, das verbas milionárias liberadas a empresas amigas, das greves silenciosamente sufocadas e dos privilégios mantidos à base de interpretações jurídicas criativas.

Porque, convenhamos, “pessoa mal-intencionada” é um conceito amplo. Pode ser desde um criminoso até um cidadão indignado — e, em tempos como os nossos, indignação é praticamente contrabando.


Conclusão – A Justiça que Não Pega Conexão

O TST quer se proteger do povo, mas o povo já está protegido do TST há muito tempo — protegido de vê-lo trabalhando com a urgência que a realidade exige.

No mundo deles, a ameaça é um cidadão com perguntas. No nosso, a ameaça é viver num país onde quem deveria servir se isola para não ouvir. E isso não se resolve com corredor VIP — se resolve descendo do salto e pegando o mesmo voo que a gente.

Mas, pensando bem… talvez seja pedir demais a quem já mora acima das nuvens.

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Brasil: O Pai da Nova Moeda Mundial (E o Castigo por Sonhar Grande Demais)

Quando um país periférico resolve brincar de potência e se esquece de que ainda está no recreio do Império.


Capítulo 1 – A Ilusão da Relevância

O Brasil adora um protagonismo simbólico. Gosta de discursar em fóruns globais, de citar Paulo Freire em conferências que ninguém escuta, de tentar sentar na janelinha do G20 enquanto carrega a marmita furada do Mercosul.

Agora, resolveu inovar: quer ser “o pai” da moeda mundial que substituirá o dólar americano. Sim, você leu certo. O país onde o Pix é mais confiável que o Congresso quer liderar o movimento que vai reformular o sistema financeiro global. Ambição? Tem. Estrutura? Nem wi-fi no interior do Piauí.


Capítulo 2 – O Filho Não Nascido da Desdolarização

A proposta da tal “nova moeda dos BRICS” é até charmosa: livrar-se da dependência do dólar, negociar diretamente entre potências emergentes, reduzir a influência das sanções unilaterais americanas… Parece um plano sólido, até você lembrar que:

  • Índia e China mal se cumprimentam;

  • Rússia está ocupada sendo cancelada por meia ONU;

  • África do Sul está tentando sobreviver à própria crise de energia;

  • E o Brasil… bem, o Brasil quer liderar o projeto com uma dívida interna que já ameaça a aposentadoria de quem nem nasceu.

Mas calma, tudo sob controle. Já temos até o nome provisório: “Moeda da Soberania”. Pena que ninguém ainda explicou quem vai confiar sua reserva internacional num consórcio onde um dos membros paga em banana e o outro exige em rublo.


Capítulo 3 – Sonhou? Paga.

Não demorou muito para o castigo começar. De forma sutil, claro — como toda retaliação moderna:

  • Investigações internacionais surgem com “timing curioso”;

  • Agências de risco reduzem a nota brasileira com base em previsões atmosféricas e signos;

  • ONGs e diplomatas começam a achar “problemas graves” no agro, na Amazônia, nos direitos humanos, na cor da bandeira, no samba e no modo como pronunciamos "BRICS".

A mensagem é clara: "Falem o que quiserem, desde que não tentem mudar as regras do jogo.”
E o Brasil, como sempre, achando que está jogando War quando na verdade é só o tabuleiro.


Capítulo 4 – O Império Sorri com a Caneta na Mão

Enquanto o Brasil sonha com a tal “liderança multipolar”, os EUA assistem de camarote. Eles sabem que o maior aliado deles aqui é o bom e velho caos institucional brasileiro.

  • Propor moeda nova sem sequer ter banco central independente?

  • Falar em soberania financeira quando metade do país depende de commodities cotadas em… dólar?

  • Criar nova ordem mundial com um Congresso que ainda debate se o imposto é de renda ou de sobrevivência?

No fundo, o império nem precisa intervir. Basta deixar o Brasil falando sozinho — e a elite local, bem treinada, cuida do resto. Cancelam, sabotam, chamam de “populismo perigoso”. E pronto. Moeda enterrada antes do primeiro protótipo.


Conclusão – Sonhar Grande é um Crime de Classe

Sim, o Brasil ousou sonhar. Sonhou com liderança internacional, com moeda alternativa, com autonomia cambial.
Mas nesse mundo, quem nasce colônia paga caro por pensar como metrópole.

O castigo?
Virar meme no Financial Times, ser ignorado no FMI, e continuar pedindo benção ao dólar em cada negociação de soja.

Mas tudo bem. Pelo menos temos discurso bonito na ONU — e é isso que importa, né?

terça-feira, 5 de agosto de 2025

Brasil: um País com Presidente de Toga

(Quando a caneta suprema escreve mais que a Constituição)

Introdução – Vossa Excelência é o quê, mesmo?

No Brasil, vivemos sob o regime presidencialista. Pelo menos no papel. Porque, na prática, quem manda mesmo veste toga, não faixa. E não, não estamos falando de um golpe militar — é só o STF mesmo, aquele clube seleto onde a Constituição é interpretada com a leveza de quem dobra regras como origamis ideológicos.

A Suprema Arte da Intromissão

Há quem diga que o Supremo Tribunal Federal deveria se limitar a julgar, e não governar. Mas isso é papo de gente que ainda acredita em separação de Poderes — esses românticos da democracia. No Brasil de 2025, o que temos é um tribunal que legisla, executa, censura, edita vídeo, analisa postagem no Instagram e, se bobear, indica até o técnico da Seleção.

Presidente da República? Só se for por cortesia.

O cargo de presidente ainda existe, claro. Tem agenda, discursos, lives… mas todo projeto importante precisa passar pelo filtro iluminado de suas excelências. Não gostaram? Inconstitucional. Fere o “espírito da Carta Magna” (a interpretação deles, é claro, que muda de acordo com o vento — ou a manchete do dia).

Democracia sob tutela

Aqui, a liberdade de expressão é plena — desde que você não fale nada que desagrade alguém com toga. Criticou o ministro? “Atentado à democracia.” Fez piada com o Supremo? “Fake news.” Compartilhou um meme? “Ameaça institucional.” Num país onde o humor virou crime e o silêncio virou prova de culpa, o que sobra é um povo amordaçado com o selo do “Estado Democrático de Direito”.

A Imprensa Aplaude (ou se cala)

Enquanto isso, boa parte da mídia joga confete. Afinal, criticar o STF virou sinônimo de “ataque à democracia” — e isso não pega bem no editorial do fim de semana. Questionar virou suspeita. Dissonância virou crime. E quem não aplaude, vira alvo. É a liberdade de imprensa com rodinha de treinamento e rédea curta.

Conclusão – O Juiz Apitou, e Agora Ele Joga

O Brasil é, oficialmente, um país com três Poderes. Mas só um parece realmente exercer o poder. Os outros dois — Executivo e Legislativo — seguem existindo, claro, como figurantes de luxo num teatro institucional onde o juiz não só apita, como marca o gol, escolhe o placar e ainda decide quem vai ser vaiado.

Mas calma, cidadão. Está tudo dentro da legalidade. Pelo menos, da legalidade segundo… eles.

quarta-feira, 30 de julho de 2025

"Brasil fora do Mapa da Fome. Só esqueceram de avisar o povo que ainda tem fome."





Saiu nos jornais com pompa e circunstância: “Brasil está novamente fora do Mapa da Fome da FAO”. Um feito digno de manchete, palmas e discursos inflamados em palanques internacionais. Mas basta sair à rua — de Norte a Sul, do campo às favelas — para entender que o tal “mapa” parece mais ficção diplomática do que reflexo da realidade brasileira.

Enquanto o governo celebra com relatórios e estatísticas bem calibradas, o povo encara fila em restaurante popular, cesta básica parcelada e restos de açougue como refeição. O Brasil pode até ter saído do mapa da fome da ONU, mas a fome ainda está no mapa da rotina de milhões de brasileiros.

A pergunta que não cala é: até quando viveremos de mentiras com selo oficial?
Até quando vamos aceitar que relatórios com base em médias distorçam o que está diante dos nossos olhos? Sim, há avanços pontuais. Mas dizer que o Brasil venceu a fome porque a média nacional caiu é como afirmar que todos nadam bem porque a piscina tem, em média, um metro de profundidade — mesmo quando alguém está se afogando na parte funda.

A propaganda é eficiente: enche o peito dos políticos, vira post nas redes sociais e vira vitrine internacional. Mas nas panelas... ecoa o vazio. O gás continua caro, o arroz voltou a ser item de luxo, e o café da manhã se resume, cada vez mais, a um gole de esperança — amarga e morna.

Pior: há quem acredite. Porque repetir a mentira com convicção é uma técnica antiga. E o brasileiro, generoso por natureza, quer confiar, quer acreditar. Mas chega uma hora em que o estômago fala mais alto que o slogan.

O Brasil pode ter saído do mapa da fome da FAO.
Mas enquanto milhões ainda dividem um pão dormido, a fome segue bem geolocalizada — e com endereço fixo na periferia.

terça-feira, 29 de julho de 2025

Brasil: Políticas Públicas para criar uma Nação de Miseráveis

Durante décadas, os governos brasileiros, em vez de promoverem o desenvolvimento humano, pareciam empenhados em criar um tipo de cidadão ideal: o miserável funcional. Aquele que não reclama, não exige, não questiona — apenas sobrevive. De políticas públicas que prometem inclusão a programas sociais que criam dependência crônica, o Estado brasileiro se especializou em distribuir migalhas e chamar isso de justiça social.

Educação: a arte de formar ignorantes úteis

Em vez de uma educação que emancipa, o Brasil aposta num sistema que reproduz desigualdade e emburrece com eficiência estatal. Escolas sem estrutura, professores desvalorizados, currículos esvaziados de pensamento crítico. O objetivo parece claro: formar uma população que saiba obedecer, preencher formulários, votar e... só.

Pensar demais virou ameaça. Questionar é rebeldia. Por isso, a escola pública é mantida em coma induzido. Afinal, povo educado é povo perigoso.

Assistencialismo como cabresto moderno

Programas de transferência de renda são necessários? Sim. Mas quando eles se tornam a única política social de longo prazo, viram ferramenta de controle. Pão hoje, miséria amanhã. E o ciclo continua.

O Brasil virou mestre em trocar cidadania por cesta básica. Não se cria autonomia, se gera dependência. E o pior: com direito a marketing político em cima da miséria alheia.

Saúde: o mínimo possível para manter vivos

O SUS é um gigante — e mesmo assim, vive sob asfixia. Hospitais sucateados, filas desumanas, falta de médicos, de insumos, de respeito. A saúde pública brasileira, muitas vezes, não cura: apenas prolonga o sofrimento em ritmo estatal.

Manter o pobre doente, cansado e desesperançado é parte do projeto. Um corpo sem força não protesta. Um povo doente não marcha.

Moradia e transporte: confinamento moderno

Nas grandes cidades, a moradia popular virou sinônimo de exílio urbano. Conjuntos habitacionais jogados nos confins da civilização, sem saneamento, sem escola, sem dignidade. Transporte? Lotado, precário, caro. O trabalhador pobre gasta 4 horas por dia apenas para sobreviver.

O recado é claro: “Fique onde está, aceite sua condição, agradeça por ainda respirar”.

Cultura e comunicação: silenciar ou cooptar

A cultura popular é marginalizada. O conhecimento livre é sufocado. O debate crítico é desestimulado — ou comprado. O Estado brasileiro prefere o funk que emburrece ao rap que questiona. Prefere o culto ao consumo ao pensamento libertador.

Conclusão: o miserável como projeto de governo

A miséria não é apenas um acidente histórico — é um instrumento político eficiente. Um país onde a pobreza é útil para os que comandam. Onde políticas públicas, em vez de libertar, aprisionam. Onde a dignidade é negociada em ano eleitoral.

O Brasil não falhou em erradicar a miséria.
Ele a transformou em base de governabilidade.

sábado, 26 de julho de 2025

Terras Raras: o poder escondido nos bastidores do século 21

Você já ouviu falar em "terras raras"? Pois é, parece nome de vinícola de luxo ou algum novo país recém-descoberto pela ONU. Mas na verdade, trata-se de um dos assuntos mais estratégicos do planeta — e que define, silenciosamente, quem comanda a tecnologia e quem apenas aperta os botões.

O que são, afinal, essas terras tão "raras"?

"Terras raras" é o nome dado a um grupo de 17 elementos químicos fundamentais para o funcionamento de quase tudo que usamos hoje: celulares, carros elétricos, turbinas eólicas, notebooks, fones de ouvido, mísseis inteligentes, painéis solares, drones e até satélites.

Os nomes? Uma mistura de feitiço de Harry Potter com aula de química: neodímio, lantânio, cério, praseodímio, túlio… Todos extraídos de minérios pouco glamourosos, mas de valor incalculável.

E por que são tão importantes?

Porque têm propriedades magnéticas, elétricas e ópticas únicas, que os tornam essenciais para miniaturizar e potencializar tecnologias modernas. O que o lítio é para baterias, as terras raras são para o resto do hardware inteligente.

Onde estão essas reservas?

Apesar do nome, essas terras não são "raras" no sentido geológico. Estão espalhadas pelo mundo, inclusive no Brasil. O problema é que sua extração e processamento são complexos, caros e ambientalmente desafiadores.

Atualmente, a maior parte da produção vem de:

China (a gigante do setor, com mais de 80% da oferta global)

Austrália

Rússia

Brasil

Estados Unidos

Groenlândia e Suécia (em ascensão)

 

O mapa abaixo mostra onde estão as principais reservas conhecidas:



A nova arma geopolítica

Quem controla as terras raras, controla o futuro energético e tecnológico do planeta. E a China sabe disso. Em tempos de tensões com o Ocidente, Pequim já ameaçou restringir a exportação desses elementos — o que deixou a Europa e os EUA em pânico.

Estamos falando de um novo tipo de guerra fria: não mais por petróleo, mas por elementos minúsculos que moram dentro do seu smartphone.

E o Brasil?

Surpresa: o Brasil está bem posicionado. Temos reservas expressivas, especialmente em Minas Gerais, Amazonas e Goiás. Mas, como de costume, exportamos matéria-prima bruta e compramos a tecnologia processada com o dobro do valor.

Sem investimento sério em pesquisa, refino e cadeia produtiva, corremos o risco de repetir a velha história: sentados sobre riquezas, mas pedindo licença para usá-las.

Conclusão

As terras raras são o petróleo do século 21. Elas abastecem não só máquinas, mas também ambições geopolíticas, estratégias de segurança e a promessa de um mundo mais limpo — ou pelo menos mais digital.

E aí, vamos apenas assistir mais esse trem passar, ou será que o Brasil vai acordar antes que a próxima tecnologia já nos coloque de novo na fila do subdesenvolvimento?

terça-feira, 22 de julho de 2025

A Moeda do BRICS: Um Novo Dinheiro Para o Mundo... Que Mal Paga Suas Próprias Contas.

 


Introdução
Imagine um grupo de países que mal consegue se entender numa videoconferência, tentando criar uma moeda para desafiar o dólar americano no cenário global. Parece roteiro de comédia? Pois é exatamente o que está sendo cogitado pelos líderes do BRICS — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — com direito a novas adesões e discursos pomposos sobre multipolaridade, soberania e "um novo paradigma econômico".
Mas antes que você troque seus dólares por briccoins, vale dar uma boa gargalhada — e depois uma respirada profunda.

O BRICS vai salvar o mundo (de si mesmo?)
A proposta é ousada: criar uma moeda única ou lastreada em commodities, capaz de ser usada em transações internacionais e desafiar a hegemonia do dólar. Uma alternativa "desdolarizada", segundo os gênios por trás da ideia. Agora pergunto: você confiaria numa moeda gerenciada por um clube onde um dos membros está em guerra, outro em crise cambial, outro afundado em burocracia, outro em desacordo constante com o Ocidente, e outro tentando decidir se ainda é uma democracia funcional?

Confiança, essa desconhecida
A força de uma moeda global não está em discursos inflamados, mas em uma palavrinha chamada confiança. O dólar, com todos os seus defeitos, é hoje a referência porque há décadas os mercados confiam — ou fingem confiar — na economia dos EUA.
Já imaginar uma moeda gerida por um consórcio onde cada país tem sua própria crise para administrar é como esperar que uma banda de músicos desafinados compita com uma orquestra sinfônica. Pode ser barulhento, mas não é música.

Brasil: Vai pagar como? Com brics?
No caso do Brasil, que mal dá conta de manter sua moeda estável sem puxadinhos cambiais, o entusiasmo com a nova moeda soa quase fofo. Estamos falando de um país onde a política econômica muda a cada eleição, onde o Banco Central é atacado em rede nacional e onde o investidor estrangeiro olha para o real com a mesma segurança que teria ao pisar num pântano.
Mas sim, claro, vamos liderar uma nova moeda global. A piada se escreve sozinha.

E o PIX, fica como?
Tem algo deliciosamente contraditório em ver países tentando lançar uma moeda internacional enquanto internamente ainda sofrem com sistemas de arrecadação ineficientes, evasão fiscal monumental e um abismo entre o mundo político e a realidade do cidadão.
A nova moeda do BRICS seria digital, física, mágica? Seria aceita na padaria? Teria taxa Selic própria ou dependeria da cotação do arroz indiano e do petróleo russo?

Geopolítica gourmet
No fundo, essa moeda não é sobre economia. É sobre geopolítica performática. É sobre presidentes tirando foto com cara séria e jornalistas repetindo "multipolaridade" como se fosse o novo "namastê". É sobre marcar posição contra o imperialismo yankee, mesmo que seja com dinheiro que ninguém quer trocar.

Conclusão: O mundo quer confiança, não slogans
Se o BRICS realmente quer entrar no jogo monetário internacional, vai precisar mais do que discursos ideológicos e reuniões cheias de bandeirinhas. Vai precisar de estabilidade institucional, previsibilidade jurídica, respeito ao investidor e, acima de tudo, consistência.
Por enquanto, a ideia de uma moeda global do BRICS parece mais um jogo de tabuleiro jogado por líderes entediados do que uma solução real para a economia global. Mas agradecemos o entretenimento.