(Quando a caneta suprema escreve mais que a Constituição)
Introdução – Vossa Excelência é o quê, mesmo?
No Brasil, vivemos sob o regime presidencialista. Pelo menos no papel. Porque, na prática, quem manda mesmo veste toga, não faixa. E não, não estamos falando de um golpe militar — é só o STF mesmo, aquele clube seleto onde a Constituição é interpretada com a leveza de quem dobra regras como origamis ideológicos.
A Suprema Arte da Intromissão
Há quem diga que o Supremo Tribunal Federal deveria se limitar a julgar, e não governar. Mas isso é papo de gente que ainda acredita em separação de Poderes — esses românticos da democracia. No Brasil de 2025, o que temos é um tribunal que legisla, executa, censura, edita vídeo, analisa postagem no Instagram e, se bobear, indica até o técnico da Seleção.
Presidente da República? Só se for por cortesia.
O cargo de presidente ainda existe, claro. Tem agenda, discursos, lives… mas todo projeto importante precisa passar pelo filtro iluminado de suas excelências. Não gostaram? Inconstitucional. Fere o “espírito da Carta Magna” (a interpretação deles, é claro, que muda de acordo com o vento — ou a manchete do dia).
Democracia sob tutela
Aqui, a liberdade de expressão é plena — desde que você não fale nada que desagrade alguém com toga. Criticou o ministro? “Atentado à democracia.” Fez piada com o Supremo? “Fake news.” Compartilhou um meme? “Ameaça institucional.” Num país onde o humor virou crime e o silêncio virou prova de culpa, o que sobra é um povo amordaçado com o selo do “Estado Democrático de Direito”.
A Imprensa Aplaude (ou se cala)
Enquanto isso, boa parte da mídia joga confete. Afinal, criticar o STF virou sinônimo de “ataque à democracia” — e isso não pega bem no editorial do fim de semana. Questionar virou suspeita. Dissonância virou crime. E quem não aplaude, vira alvo. É a liberdade de imprensa com rodinha de treinamento e rédea curta.
Conclusão – O Juiz Apitou, e Agora Ele Joga
O Brasil é, oficialmente, um país com três Poderes. Mas só um parece realmente exercer o poder. Os outros dois — Executivo e Legislativo — seguem existindo, claro, como figurantes de luxo num teatro institucional onde o juiz não só apita, como marca o gol, escolhe o placar e ainda decide quem vai ser vaiado.
Mas calma, cidadão. Está tudo dentro da legalidade. Pelo menos, da legalidade segundo… eles.
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