quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Brasil: O Pai da Nova Moeda Mundial (E o Castigo por Sonhar Grande Demais)

Quando um país periférico resolve brincar de potência e se esquece de que ainda está no recreio do Império.


Capítulo 1 – A Ilusão da Relevância

O Brasil adora um protagonismo simbólico. Gosta de discursar em fóruns globais, de citar Paulo Freire em conferências que ninguém escuta, de tentar sentar na janelinha do G20 enquanto carrega a marmita furada do Mercosul.

Agora, resolveu inovar: quer ser “o pai” da moeda mundial que substituirá o dólar americano. Sim, você leu certo. O país onde o Pix é mais confiável que o Congresso quer liderar o movimento que vai reformular o sistema financeiro global. Ambição? Tem. Estrutura? Nem wi-fi no interior do Piauí.


Capítulo 2 – O Filho Não Nascido da Desdolarização

A proposta da tal “nova moeda dos BRICS” é até charmosa: livrar-se da dependência do dólar, negociar diretamente entre potências emergentes, reduzir a influência das sanções unilaterais americanas… Parece um plano sólido, até você lembrar que:

  • Índia e China mal se cumprimentam;

  • Rússia está ocupada sendo cancelada por meia ONU;

  • África do Sul está tentando sobreviver à própria crise de energia;

  • E o Brasil… bem, o Brasil quer liderar o projeto com uma dívida interna que já ameaça a aposentadoria de quem nem nasceu.

Mas calma, tudo sob controle. Já temos até o nome provisório: “Moeda da Soberania”. Pena que ninguém ainda explicou quem vai confiar sua reserva internacional num consórcio onde um dos membros paga em banana e o outro exige em rublo.


Capítulo 3 – Sonhou? Paga.

Não demorou muito para o castigo começar. De forma sutil, claro — como toda retaliação moderna:

  • Investigações internacionais surgem com “timing curioso”;

  • Agências de risco reduzem a nota brasileira com base em previsões atmosféricas e signos;

  • ONGs e diplomatas começam a achar “problemas graves” no agro, na Amazônia, nos direitos humanos, na cor da bandeira, no samba e no modo como pronunciamos "BRICS".

A mensagem é clara: "Falem o que quiserem, desde que não tentem mudar as regras do jogo.”
E o Brasil, como sempre, achando que está jogando War quando na verdade é só o tabuleiro.


Capítulo 4 – O Império Sorri com a Caneta na Mão

Enquanto o Brasil sonha com a tal “liderança multipolar”, os EUA assistem de camarote. Eles sabem que o maior aliado deles aqui é o bom e velho caos institucional brasileiro.

  • Propor moeda nova sem sequer ter banco central independente?

  • Falar em soberania financeira quando metade do país depende de commodities cotadas em… dólar?

  • Criar nova ordem mundial com um Congresso que ainda debate se o imposto é de renda ou de sobrevivência?

No fundo, o império nem precisa intervir. Basta deixar o Brasil falando sozinho — e a elite local, bem treinada, cuida do resto. Cancelam, sabotam, chamam de “populismo perigoso”. E pronto. Moeda enterrada antes do primeiro protótipo.


Conclusão – Sonhar Grande é um Crime de Classe

Sim, o Brasil ousou sonhar. Sonhou com liderança internacional, com moeda alternativa, com autonomia cambial.
Mas nesse mundo, quem nasce colônia paga caro por pensar como metrópole.

O castigo?
Virar meme no Financial Times, ser ignorado no FMI, e continuar pedindo benção ao dólar em cada negociação de soja.

Mas tudo bem. Pelo menos temos discurso bonito na ONU — e é isso que importa, né?

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