Deixando de lado o fato de que é uma obrigação à imprensa ter que ser
imparcial, buscar a verdade acima de qualquer interesse, prestar um serviço de
informação que vá ao encontro dos interesses sociais da comunidade a qual
aquela empresa de comunicação participa, às vezes a busca da informação e a
luta por audiência é tão acirrada que esses operadores da informação não medem
esforços na montagem de uma determinada reportagem e mais, não conseguem
dimensionar até onde “essa informação” pode ser interessante e venha a ter aquele
cunho social e relevante para as pessoas.
Dia destes, assistindo ao jornal do SBT, (aquele da entrada da noite),
tenho que confessar que fiquei intrigado com o tema abordado numa determinada
reportagem deste veiculo de comunicação, onde o repórter havia adquirido em
várias “bocas de fumo”, da cidade de São Paulo, uma dose de cocaína,
encaminhada a um laboratório de Campinas para apurar, dentre outras coisas,
qual era o grau de pureza “daquele produto”.
De posse dos
resultados, foram mensurados em um mapa da cidade e mostrados no vídeo, os
locais onde o “produto” tinha mais mistura e, pastem, onde realmente “estava
purinha” e apta ao consumo “sem prejudicar a saúde”. Ora senhoras e senhores,
de duas uma, ou alguém devia ou favor especial ao dono do ponto, no bairro onde o “produto”
levou um selo de 98,5 % de pureza, para deleite de seus consumidores, ou estava
de bronca pelo “produto” ruim vendido num outro determinado local, também
apontado na reportagem, com pouco mais de 68% de pureza.
Agora, imaginem o fluxo
de gente seguindo a informação do jornal, um veiculo de comunicação de
circulação nacional, dirigindo-se ao local onde poderiam adquirir pelo mesmo
valor de outros pontos, um “produto” quase cem por cento puro e mais, dimensionem
o tamanho e rotatividade que tomou “essa boca”. Se o dono dividir em cotas “essa
empresa” e colocar na Bovespa, vai “estourar a bola do balão”.
Mas, deixando a ironia
de lado, há que se perguntar: Onde está o social desta reportagem? A quem ela
se presta? Tirando os traficantes e os viciados, que se serviram de uma
informação importante, no mundo e no mercado deles, onde pode estar a utilidade
publica e social de uma informação destas. Divulgar onde tem e vendem “o
produto” puro serve apenas para fomentar e estimular mais o consumo de drogas,
destruindo mais lares, famílias e pessoas.
Que me desculpem os
editores do jornal, o tema até poderia ser abordado apontando as misturas que
os traficantes colocam no “produto”, mas identificar a região onde é melhor ou
pior o tal “produto” foi uma informação que não deveria ser tornada publica.
Olha,
foi mal isso.
Autor: Guilherme Quadros
Email: gqkonig@hotmail.com
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