A perspectiva inicial
de implementar um projeto de educação voltada para as populações do campo nos
insere em uma vértice de, não apenas desvendar um mundo novo aos educando, mas
nos inserirmos num mundo daqueles educandos, os quais vivem uma realidade
totalmente distinta que vivenciamos ate o momento, face a localidade dos sujeitos ser o ponto de
partida para o conhecimento que eles vão criando do mundo. A partir dela, uma
readmiração da realidade inicialmente discutida em seus aspectos superficiais
vai sendo realizada com uma visão mais crítica e mais generalizada. Transmitir
ou receber informações não caracterizam o ato de conhecer. Conhecer é apreender
o mundo em sua totalidade, e essa não é uma tarefa solitária. Ninguém conhece
sozinho. Os sujeitos falam a partir de seu território, do seu lugar de vida,
convivência, trabalho e relações sociais; construindo um movimento solidário,
dialético e dialógico que lhe permita desvendar o local e o universal, e se
comprometam com as ações necessárias à construção do mundo novo, com justiça
social e sustentabilidade.
Comprometer-se
com a educação popular nos tempos atuais exige, por parte de educadores e
responsáveis por programas de educação, uma visão ampla e atenta sobre as
intencionalidades políticas e os objetivos que essa educação tem cumprido na
atual conjuntura. É perguntar-se, a todo o momento, quem escolhe os conteúdos,
a favor de quem e de que estará o seu ensino, contra quem, a favor de que,
contra que? É ter a consciência da necessidade de construir ações práticas de
intervenção social com as classes populares, em que o processo de
conscientização e de problematização da realidade, em direção à compreensão dos
aspectos totalizantes de constituição desta realidade específica, ganha sentido
por meio de práticas efetivas que dialoguem com as necessidades de vida das
classes populares.
Para
uma educação que atua sob uma perspectiva emancipadora, o processo de
sistematização é concebido como uma construção participativa que revela o
protagonismo dos sujeitos que com ela estão envolvidos, considerando que a
participação popular e o controle social das políticas públicas; prática da
resistência, da amorosidade, da tradição, da criatividade, da estética e da solidariedade
entre os membros e defensores das classes populares; formação política como
estratégia de luta na atual conjuntura para enfrentar o desafio de construir a
unidade na diversidade.
Guilherme Quadros
Polo seberi-RS
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