Era um dia qualquer em Marte, aproximadamente 03h41minh, já de uma quinta-feira na América do Norte quando aquela foto aportou nos arquivos da NASA. Chegou mansa, sutil, quase imperceptível aos modernos computadores que recebiam as informações e fotos em tempo real do Planeta Vermelho. Mal sabia ela o tamanho da revolução e o impacto cultural e social que viria causar quando a humanidade tomasse conhecimento.
O operador de
plantão orbitava suavemente entre o cochilo de uma criança inocente e o alerta
de um cão São Bernardo a procura de soterrados quando, eis que aporta aquela
foto e mais uma dezena de outras tantas, onde vislumbrava-se uma garrafa de Coca-Cola
semienterrada nas areias marcianas. Jack Murray saiu do marasmo sonolento
daquela monótona madrugada ao furor do entusiasmo juvenil em cinco segundos,
talvez os mais efusivos da sua vida.
Aquilo em seu
monitor era nada mais, nada menos do que uma bela, transparente e robusta
garrafa de Coca-Cola fotografada de vários ângulos pelo robô Curiosity. Conferiu
os códigos de transmissão, afinal, poderia ser um vírus invasor no sistema. Nada.
Todos batiam com o sistema de segurança. Logo era real.
Em menos de uma
hora, toda a agencia estava tomada por todos, absolutamente todos, que ali, de
alguma forma, trabalhavam na NASA, lépidos, curiosos, embriagados por um furor
juvenil, tomados e ensandecidos pelo clamor da descoberta. Afinal,
verdadeiramente não estávamos sozinhos no universo. E a igreja? E a teoria da evolução?
E agora o que dizer? Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Por que há
uma garrafa de Coca-Cola em Marte. Sim, apenas uma garrafa de Coca-Cola em
Marte.
A humanidade
clama por mais informações, ninguém tem. O robô Curiosity não fornece mais do que as fotos e não há ainda uma tecnologia para nave tripulada até Marte. Talvez só
daqui a uns trinta anos poderemos ir até lá. Logo . . .
Enquanto isso
apenas poderemos divagar sobre o fato de ter uma garrafa de Coca-Cola em Marte.
Autor: Guilherme
Quadros
Email:
gqkonig@hotmail.com
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