Quando se fala em inserção social,
particularmente de pessoas que tem algum tipo de deficiência física, as pessoas
ainda têm na cabeça a idéia que essas pessoas são coitadinhas, limitadas e não
podem fazer a maioria das coisas que nós, “seres normais” podemos praticar.
Uma
experiência que vi certa vez tratava de colocar pessoas normais em cadeiras de
rodas, outras vendadas e outras com os movimentos dos braços e mãos limitadas,
durante um determinado período do dia, com a idéia de que essas pessoas pudessem
sentir e tentar realizar as atividades que aquelas pessoas especiais tinham no
seu dia-a-dia. O resultado, claro, foi deveras desastroso, até por que nós,
chamados de pessoas normais, não desenvolvemos o “feeling” que é a qualidade de emoção e de sensibilidade manifestada
numa interpretação e a maneira de sentir uma determinada situação.
Observando
os atletas paralímpicos brasileiros se desdobrando e tendo um desempenho que
empilha medalhas para o País, se apresentando para a dita sociedade e ocupando
seus espaços, não mendigando lugar, mas pedindo oportunidades, não querendo serem
vistos como coitadinhos, querendo apenas ocupar seu lugar que a sociedade diz que
existe e nega ali na frente quando um empresário o rejeita para uma vaga de
trabalho se há algum tipo de deficiência.
Sinceramente
e sem vergonha de confessar e, até do meu circulo de amizades, não conheço ninguém
que nade como aquele medalhista que já conquistou nove medalhas (eu se cair
numa piscina, vou nadar tantos metros quanto ela tiver de profundidade, uma
verdadeira pedra), e aquela moça que corre os cem metros, sem possibilidades de
acompanhar, e os meninos do futsal, olhem bem, vendados jogam mais e correm
mais do que muitos perfeitos, como eu.
Então,
brasileiros que estão em Londres, brilhem e nos encham de orgulho, tragam
tantas medalhas quantas puderem, afinal essa “tua imperfeição” se completa na nossa
perfeição, marejando meus olhos quando fazes tocar nosso hino.
Autor: Guilherme Quadros
Email: gqkonig@hotmail.com
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